quarta-feira, 14 de abril de 2010

O tempo que pertence a nós


O que é duração para Bergson? Duração é liberdade temporal. Tempo qualitativo. Sabe-se que o tempo denominado objetivo é medido por intermédio dos relógios e outros mecanismos que apenas estão preocupados com o passar do tempo em sua forma sucessiva, mensurável. A duração para Bergson fundamenta-se, justamente, em outros elementos ligados à temporalidade. Qualidade do tempo. Subjetividade. Eis os conceitos essenciais que sustentam a duração. Como mensurar aqueles momentos que não "têm tempo"? Ou seja, momentos felizes que parecem voar? Ou momentos tensos que parecem dilatar cada instante? Como medir tal tempo se ele estaria ligado a uma sensibilidade única, singular e intransferível? Isso é duração. O tempo que jamais pode ser medido porque obedece a ritmos pessoais. Sabidamente, mais do que nunca, os complexos tecidos invisíveis que sustentam o poder e sua perversidade agudamente refinadíssima, nos dias atuais, centram-se em comprar o nosso tempo, buscando, dessa forma, esvaziar sonhos, projetos individuais e coletivos, vidas, subjetividades. Bergson resgata, em parte, um pouco de nossa potencialidade com indicativos de que ainda é possível, a duras penas, resgatar um tempo que pertence exclusivamente a nós e, como tal, incompartilhável.

Trechos do livro "Memória e Vida" de Henri Bergson

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